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Ensaio Pra Destruir

by Fernando Motta

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1.
pensei que viesse ouvir e é isso o que mais me ofende o ensaio pra destruir é o sobressalto que me acende
2.
devo admitir a gente tem que conversar o telefone toca toda hora suas convicções minha memória andando pelo centro pelo mercado ninguém tem nada a ver e nunca houve chance de sair belo horizonte não existe o que eu e o mundo temos em comum não te interessa o que eu e o mundo temos
3.
qualquer lugar que eu me deito expõe meu corpo ao raro efeito de destrancar o infinito e me jogar em todo desejo sem me contestar convenço a estátua a se mover e faço a prata corroer sou a onda que vai sempre transcender o espaço que estiver convém me atirar de vez no atemporal vazio tridimensional e já não dá mais trabalho pra me entender corpo arbitrário a se esvanecer e quando a corda se cortar minha mente acorda pra lembrar que a onda sempre vai se propagar no espaço que estiver
4.
ao rodar se escorou em meu suéter de chocolate um tesouro abrilhantado por seu esmalte igual ao meu
5.
enxergo acima desse degrau um túnel de algodão retrocedo e pairo feito pluma de volta pro chão mesmo me escondendo eu sou tão frágil quanto você e me salvo a cada dia sem querer nós ainda não nos falamos hoje guardado o engano sopra feito espuma ao retomar nossos modos estranhos
6.
Paranormal 02:10
não há ninguém com dois pés no chão nosso declínio em transgressão paranormal segure um rojão em frente ao espelho pra enxergar é condizente e instintivo evaporar e flutuar no sobrenatural
7.
eu me encantei ao te ver desmanchar com dentes de ouro rubis do pomar brilho intenso lixo estelar envolto em nuvens de cetim ao te ver dançar sobre as uvas doce intuição o elogio à destruição
8.
superfície a espelhar luz de coral efervescente corre ao sublimar o sol nascente superfície amostral vastidão total superfície amostral perfeição mortal
9.
Verde-Água 03:45
a névoa corre entre os prédios densa a frente de nós dois a noite lenta e as luzes na guignard até o céu ficar cor de rosa enquanto há verde e água nada mais importa as gotas do orvalho vimos deslizar nós vimos a parede deslizar
10.
penso em meus amigos e enxergo os vasos que eu fiz eu mesmo fiz feito quando eu tentei ter flores e todas morreram feito quando um arco-íris torto morreu nos meus pés se vocês soubessem como realmente são os meus dias ou o que eu diria mas já não me lembro de quase mais nada que eu li mas lembro de notar que eu queria me interessar menos pelo luto e pelo sofrimento as palavras confiam demais na sua boca as palavras confiam demais na sua boca as palavras confiam demais na sua boca as palavras confiam demais as pessoas confiam demais na sua boca eu lembro de ter notado que eu queria me interessar menos pela sua boca eu lembro de ter notado que eu queria me interessar menos pelas suas palavras e pela sua boca eu não quero mais me interessar feito meus amigos não quero ficar sozinho mas quero me desligar eu não quero mais acordar sentindo nada
11.
Oslo, 31 03:23
deformidades no espelho e meu espelho foi você enquanto meu fracasso foi seu prazer secreto o chão pode carregar sob as cinzas sempre-vivas levo a remissão sob a língua que desmancha a me acalmar

about

tudo é um ensaio. o que passa pela minha cabeça neste exato momento já foi destruído. o pouco que registro também será.
e na verdade, eu nem o faço. é apenas uma tentativa. um elogio à criatividade como manutenção da nossa sanidade. feito narrações de recordações inventadas. é meu método para me transpor a algum lugar enquanto não há chance de sair. o contraditório ensaio para registro do efêmero.

sim, pode haver sentido. qualquer coisa pode fazer sentido. é só sua visão de mundo. sua e só sua. não é o comum entre eu e o mundo.

a interseção que nos salva é o interesse pela dinâmica contínua em tentar compreender onde e com quem queremos dividir nossa brevidade. podemos nos permitir destruir o elo que nos conecta aos que não constroem. podemos imergir nos poucos momentos de respiro - que na verdade só o são devido ao contraste, ao sobressalto.

inventamos a valsa, o outono, o verde e a água. continuamos nos salvando a cada dia. sem querer.

credits

released March 23, 2021

Produzido por Vitor Brauer.

Composições, vozes e guitarras por Fernando Motta
Todas as baterias e baixos por Vitor Brauer. Guitarra solo em "Tridimensional" também por Vitor Brauer.

Baterias captadas por Fernando Bones, no Estúdio Paco Multimídia.
Outros instrumentos e vozes captados por Vitor Brauer e Fernando Motta.

Sintetizador em "Insetos Rondam a Luz Acesa" por Mafius.
Piano e Mellotron em "Salvo Engano" por Apeles.
Piano em "Perfeição" por João Viegas.

Fotos: Arthur Lahoz
Design: Gabriel Rolim

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Fernando Motta Belo Horizonte, Brazil

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